quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Outras Ideias


6. – Outras Propostas


Nota Introdutória
Nesta secção estão incluídas as propostas que não se encaixaram em nenhum dos outros capítulos.


Propostas

1- Legalizar a eutanásia.


2- Impor um índice de massa corporal mínimo para modelos.



3- Permitir pequenas alterações a carros ligeiros (tunning), obrigando os donos a pagarem um seguro especial do Estado.



4- Reconhecer o minderico como língua.



5- Proibir o matrimónio entre indivíduos com distúrbios mentais.



6- Terrenos e imóveis que estejam abandonados pelos donos há mais de vinte anos deverão reverter gratuitamente para o Estado.



7- Apartamentos arrendados, cujos senhorios sejam manifestamente negligentes, deverão reverter gratuitamente para o Estado.

Como desenvolver a Economia?


5. – A Economia


Nota Introdutória
Muito se tem falado, nos últimos anos, de empreendedorismo. Todavia, há em Portugal um problema estrutural que impede o bom desenvolvimento da economia: as pessoas que poderiam ter boas ideias para criar negócios, não possuem os recursos financeiros para o fazer. Por outro lado, os indivíduos que têm recursos financeiros, não os investem em negócios verdadeiramente empreendedores, preferindo manter-se nos sectores tradicionais. As propostas que se seguem pretendem alterar esta situação e levar a que a economia portuguesa se torne, finalmente, mais competitiva.




Propostas


1- Criar uma sociedade estatal de capitais de risco eficiente.
Existem já algumas sociedades de capitais de risco pertencentes ao Estado ou a entidades públicas, mas a maioria delas não funciona de forma eficiente e nem sequer está devidamente publicitada. Esta nova sociedade estatal de capitais de risco (que poderia, contudo, incluir capitais privados) teria postos em todas as universidades e institutos do emprego e formação profissional, e poderia oferecer financiamento quase total, desde que a equipa destinada a aprovar ou reprovar os projectos de negócios (que seria composta por indivíduos independentes e com bons conhecimentos a nível de economia) considerasse que esses projectos tinham possibilidades para ter sucesso. Seria dada prioridade aos projectos com ideias e conceitos criativos e inovadores. Dado que qualquer negócio demora tempo até começar a ter lucro, e alguns dos novos empresários beneficiados por este programa provavelmente não teriam outras fontes de rendimento, o Estado poderia pagar-lhes o salário mínimo (ao qual se juntaria a fatia dos lucros/prejuízos que lhe caberia como sócio). Para evitar abusos, se uma destas empresas tivesse prejuízo durante dois anos consecutivos após a sua criação, ou, passado esse período inicial, durante seis meses consecutivos, o Estado iria dissolver a empresa, e o empresário ficaria proibido de pedir financiamento a esta sociedade de capitais de risco novamente durante um período de, por exemplo, dez anos. Entretanto, se um indivíduo pedisse um financiamento a um dos postos desta sociedade de capitais de risco e este lhe fosse negado, ele poderia tentar pedir financiamento outra vez, noutro posto da sociedade. Finalmente, o Estado poderia vender parte das participações nestas empresas, mas deveria manter sempre uma parte das acções – por exemplo, 10%. Assim, à medida que a empresa crescesse, o Estado iria também ganhar mais dinheiro, o que seria uma boa forma de aumentar as suas receitas.



2- Criar zonas de “paraíso fiscal” em regiões em perigo de desertificação.
Nestas zonas especiais – cujo número total deveria estar limitado a duas ou três –, as empresas teriam benefícios fiscais (menos impostos do que no resto do país), e menos obrigações sociais com os seus empregados (para evitar a precariedade, seria o Estado o responsável pelas protecções sociais destes, em vez de serem as empresas), com o objectivo de incentivar a fixação de empresas e impedir a desertificação. Estas zonas poderiam também permitir a existência de off-shores.




3- Maior protecção social para os trabalhadores independentes e para os pequenos empresários.
Fala-se muito na protecção dos trabalhadores por conta de outrem, mas os trabalhadores independentes (e quem anda a recibos verdes) são frequentemente esquecidos, já que a maioria não tem sindicatos, o que leva a que tenham de contribuir mais, embora tenham menos apoios. Estes trabalhadores deveriam de ter mais benefícios a nível social, e deveriam de contribuir menos para a Segurança Social. Da mesma forma, os pequenos empresários deveriam também de ter apoios sociais mais justos.



4- Alterar as leis que regulam os despedimentos.
Actualmente, as leis que regulam o despedimento de trabalhadores são tão proteccionistas, que acabam por se virar contra os próprios trabalhadores. Hoje em dia, para se despedir alguém sem consequências, é preciso que haja boas razões. Na teoria isto é muito bonito, mas na prática, em vez de proteger os trabalhadores, isto pode tornar-lhes a vida num inferno: há patrões que exercem violência psicológica sobre os trabalhadores, para que estes se despeçam a si próprios (assim, além de perderem o emprego, e como foram eles que se despediram, terão menos ajudas da Segurança Social) e há até quem arranje maneira de sabotar o trabalho dos funcionários para os fazer passar por incompetentes, podendo assim despedi-los com justa causa (mais uma vez, não só os trabalhadores perdem o emprego, como ainda ficam com o currículo manchado injustamente). Deste modo, seria melhor que se facilitassem um pouco os despedimentos, obrigando apenas as empresas a avisarem com a antecedência de, pelo menos, seis meses, a redigir uma carta de recomendação para o currículo do trabalhador (caso o despedimento não tenha sido motivado por incompetência técnica do funcionário), e, caso já fosse um trabalhador antigo, cujo contracto tivesse sido renovado à relativamente pouco tempo, pagando uma indemnização que deveria variar conforme o tempo que o indivíduo trabalhou para a empresa. Entretanto, seriam reforçados os apoios da Segurança Social aos desempregados.





5- Ponderar investimentos na energia nuclear.
Apenas uma central nuclear deveria ser construída, e deveria ficar situada próxima da fronteira com Espanha, numa zona que estivesse desertificada.




6- Apostar na agricultura biológica.
Dado que, na agricultura intensiva, Portugal tem de enfrentar a concorrência de agricultores como os franceses ou os norte-americanos, seria proveitoso investir-se na agricultura biológica, que produz alimentos mais saudáveis e com maior qualidade.




7- Promover o turismo de qualidade.
Para Portugal vencer o seu principal rival neste sector – a Espanha – terá de oferecer um turismo com maior qualidade. Para tal, deverá incentivar-se produtos mais requintados (nomeadamente, o turismo rural – por exemplo, poderiam criar-se hotéis rurais em edifícios antigos como conventos ou mosteiros), produtos mais atraentes para os jovens (festivais de música, desportos e actividades radicais, animação e festas nocturnas, etc.), e produtos virados para públicos-alvo específicos (conferências e convenções, exposições, feiras dedicadas a um determinado tema, etc.).




8- Oferecer bolsas aos jovens artistas.
Em vez do método usado actualmente pelo Ministério da Cultura, seria criado um novo sistema, mais democrático. Este consistiria num site, onde os jovens artistas iriam fazer upload de vídeos ou imagens que demonstrassem as suas capacidades (se fossem músicos, seriam vídeos mostrando-os a cantar e a tocar instrumentos; se fossem realizadores, seriam curtas-metragens ou teasers dos filmes que estes ambicionam fazer; se fossem pintores, seriam imagens dos seus quadros; e assim sucessivamente, para cada arte). Depois, de três em três meses, haveria votações, nas quais qualquer pessoa poderia votar, desde que registada no site, embora a cada morada IP pudesse apenas corresponder um voto. Nestas votações haveria um vencedor por cada área artística, que receberia uma bolsa do Ministério da Cultura.




9- Diminuir consideravelmente os impostos.
Assim que a situação das contas públicas começasse a ficar equilibrada, os impostos (IVA, IRS e IRC) deveriam ser reduzidos. Todavia, esta teria de ser uma diminuição visível. Não bastaria reduzir um, dois ou três pontos percentuais; teria de ser algo superior a isso – por exemplo, a taxa do IVA deveria ser reduzido para, pelo menos, 15% (mas se a redução fosse ligeiramente maior, melhor). Desta forma, o consumo aumentaria e os preços do nosso país tornar-se-iam mais competitivos.

A aposta na Ciência


4. – O Ensino Superior


Nota Introdutória
O principal problema do Ensino Superior português é a falta de empregabilidade dos jovens licenciados. Esta questão tem várias causas. Uma é o nosso fraco tecido empresarial e a debilidade da economia portuguesa, tema este que será abordado no capítulo seguinte. Outra das causas é o facto de se manterem abertos vários cursos que manifestamente não têm saídas profissionais. Outra das razões é o facto deste ensino estar ainda demasiadamente virado para a parte teórica, nem sempre transmitindo aos alunos as competências e conhecimentos práticos que as empresas procuram.
Entretanto, várias são actualmente as áreas da ciência e tecnologia onde estão a ser descobertas novas fronteiras, à espera de serem exploradas. A robótica e automatização, as energias renováveis, a medicina genética e as células estaminais. Estas são disciplinas do saber que estão ainda “virgens”, e onde há muito para pesquisar e desenvolver. Se Portugal realizar bons investimentos, souber delinear bem as metas, e coordenar eficientemente os esforços dos nossos investigadores científicos e das nossas universidades, poderá garantir um lugar privilegiado na economia do futuro, para além de trazer enorme prestígio aos portugueses.




Propostas


1- Encerramento de cursos com baixa empregabilidade.
Cursos como sociologia, filosofia, história ou educação, onde se verifique que não há saídas profissionais, deverão ser encerrados.



2- Converter os politécnicos em universidades.
Não faz sentido haver uma diferenciação entre universidades e politécnicos, ainda por cima quando há situações em que ambas as instituições oferecem os mesmos cursos. Esta distinção leva apenas a que os politécnicos tenham menos prestígio do que as universidades, ainda que possam ter melhor qualidade. A única excepção a esta medida seria o Instituto Superior Técnico de Lisboa, que possui já grande prestígio e história e que, por isso, não faria sentido receber o título de universidade.



3- Criação de tecnopólos.
Estes tecnopólos – cujo número total deveria estar limitado a dois ou três – iriam seguir o modelo norte-americano. Seriam baseados nas universidades portuguesas mais avançadas tecnologicamente, iriam possuir instalações bem equipadas onde os investigadores pudessem realizar experiências e desenvolver nova tecnologia. Esta investigação seria promovida directamente pelo Estado, que a financiaria (ver o ponto 6). Contudo, estes tecnopólos serviriam também para albergar as empresas privadas – sejam elas criadas pelos próprios cientistas/universitários ou não –, as quais, além de terem um acesso mais próximo à investigação científica/tecnológica e aos investigadores/recém-licenciados, poderiam utilizar os laboratórios e restantes instalações, teriam benefícios a nível fiscal e menos obrigações sociais com os seus empregados (para evitar a precariedade, seria o Estado o responsável pelas protecções sociais destes, em vez de serem as empresas).




4- Todos os cursos deverão oferecer estágios para todos os alunos.
Estes estágios seriam praticados, de preferência, em empresas e entidades situadas na mesma região da universidade. Note-se que, se não for possível arranjar estágios para todos os alunos, isso significa que o curso poderá estar a formar mais licenciados do que a sociedade necessita.




5- Uniformização dos cursos a nível nacional, e ensino dos conteúdos práticos que as empresas procuram.
Em Portugal existem vários cursos pouco específicos, cujos objectivos são ambíguos e que parecem até repetidos, embora com nomes e algumas cadeiras diferentes. Por exemplo, há vários cursos de gestão de empresas, embora alguns tenham nomes e disciplinas ligeiramente diferentes. O mesmo ocorre com áreas como as línguas estrangeiras, ou o turismo, por exemplo. Há também situações em que não dá para distinguir entre cursos de gestão e cursos de economia. Os objectivos desta uniformização a nível nacional seria impedir que surgissem novos cursos que, na prática, fossem cópias de cursos já existentes, e permitir avaliar e controlar melhor a qualidade de ensino de cada instituição (se cada curso tiver as mesmas cadeiras a nível nacional, isto torna-se mais fácil). Contudo, para permitir que cada universidade se possa diferenciar das outras, estes planos curriculares uniformes dariam liberdade para a introdução de duas ou três cadeiras que seriam exclusivas daquela instituição. Além disso, os planos curriculares de todos os cursos deveriam de ser revistos em conjunto com as entidades e empresas que poderão empregar os alunos, para que seja garantido que as disciplinas ensinadas correspondem às capacidades práticas procuradas pelos futuros empregadores.





6- Criação de um plano de investigação nas áreas da robótica, células estaminais e energias renováveis.
O Estado deverá realizar investimentos nas universidades (e nos tecnopólos referidos no ponto 3) e, além de criar instalações com equipamento avançado, oferecer boas condições aos cientistas e investigadores, para os fixar em Portugal (evitando a “fuga de cérebros”) e, se possível, aliciar os melhores especialistas disponíveis a nível internacional.



Uma área que merece uma atenção especial por parte do Estado é a da robótica. Mas o tipo de investigação realizado nesta área não deverá ser deixado ao acaso. As faculdades portuguesas não se podem contentar em construir robots que “jogam futebol” para exibir nas feiras de ciência; é necessário delinear metas objectivas e procurar criar aplicações práticas para esta tecnologia – e não brinquedos feitos para “inglês ver” em exposições. Nomeadamente, os cientistas deste sector tecnológico deverão ter como missão conceber máquinas que substituam os seres humanos em funções como a agricultura, a construção civil, ou a indústria – em especial as fábricas de têxteis. Outras áreas da economia onde a automatização traria grandes proveitos são o transporte de mercadorias (poder-se-ia desenvolver uma máquina que, trabalhando em conjunto com um GPS, substituísse o condutor) e a distribuição (engenhos que substituam os funcionários das caixas de supermercado, por exemplo). Deverão também ser promovidas todas as tecnologias que facilitem a realização das tarefas domésticas, pois isso permitiria aos cidadãos libertarem tempo que poderá ser empregue noutras actividades. Por exemplo, automatizar as cantinas e lavandarias, de modo a tornar os seus preços mais acessíveis.




Outra área de grande importância é a medicina genética e o estudo das células estaminais. Como sabe, estas células podem transformar-se em células de qualquer parte do nosso corpo. Ora, sabendo que a consequência da maior parte das doenças é a destruição de partes do corpo humano, isto significa que, em teoria, as células estaminais podem anular os efeitos da maioria das doenças. Os investigadores dos laboratórios portugueses deveriam dividir-se em vários ramos: por exemplo, um seria dedicado a estudar como transformar as células estaminais em partes do sistema nervoso e do cérebro (com o objectivo de curar paralisias, cegueira, surdez, e doenças como Alzheimer e Parkinson), outro centrar-se-ia em transformar células estaminais em órgãos (para que não faltem órgãos para fazer transplantes, e também para curar doenças como a diabetes), outro ramo tentaria usar as células estaminais para reconstruir membros inteiros, e até poderiam haver cientistas dedicados a desenvolver técnicas para impedir o envelhecimento (este último seria mais virado para a parte estética do que para a medicinal; porém, tornar-se-ia provavelmente numa área muito lucrativa).



Outra área de grande importância – e na qual o Estado português já começou a investir – é a das energias renováveis. Contudo, além de prosseguir com o desenvolvimento das energias eólica, hidráulica e solar, seria proveitoso apostar também na energia das ondas e marés (até porque se trata de um país costeiro) e no estudo de tecnologia que permita alcançar uma maior eficácia energética – a nível dos electrodomésticos, dos veículos, e até dos próprios edifícios.



Finalmente, seria importante que toda esta tecnologia fosse “comercializada” pelas empresas portuguesas (fossem elas públicas ou privadas) o mais depressa e eficientemente possível, não apenas em Portugal, mas no resto do mundo.

Uma nova abordagem na Justiça


3. – A Justiça


Nota Introdutória
Nos últimos anos, tem aumentado entre os portugueses o sentimento de insegurança. A ideia com que se fica é que os criminosos passam impunes, ou então não são castigados como deve de ser.
Por outro lado, o Estado é incapaz de prevenir a criminalidade, seja a de “colarinho branco” (como a corrupção ou a evasão fiscal) ou a mais violenta (carjacking, homejacking, etc.). Além disso, a Justiça é demasiado lenta.
Como pode então o Estado tornar mais eficiente o combate ao crime, gastando o menos possível do seu apertado orçamento? A resposta, como poderá verificar de seguida, poderá passar por uma rentabilização e reorganização dos recursos que o Estado já possui.



Propostas

1- Obrigar os condenados por crimes graves a realizarem trabalho comunitário.
Esta medida pretende, por um lado, rentabilizar as prisões e, por outro, levar os presidiários a fazerem algo construtivo. Os trabalhos comunitários realizados pelos reclusos passariam, por exemplo, pela limpeza das matas (para evitar os terríveis incêndios de Verão, e aproveitando o lixo orgânico recolhido para produzir biomassa), o desentupimento das sarjetas e de outros sistemas de escoamento de águas e a limpeza dos rios (para evitar as cheias de Inverno), a separação do lixo reciclável e biodegradável nas lixeiras, etc. Durante a realização destes trabalhos, os presidiários seriam guardados por militares, para que não se tenham de desviar recursos das outras forças de segurança.





2- Usar os militares para reforçar o patrulhamento onde a PSP ou a GNR não têm recursos para o fazer.
Várias são as zonas do nosso país onde as forças de segurança tradicionais – a PSP e a GNR – não dispõem nem de recursos nem de autoridade para manterem a ordem. Como tal, e enquanto a nossa grave situação financeira não esteja resolvida, deveriam ser utilizados os outros recursos que o Estado possui para preencherem estas lacunas – nomeadamente as Forças Armadas.




3- Crimes não violentos deverão ser preferencialmente punidos com prisão domiciliária.
Esta medida tem como objectivo evitar duas situações perniciosas que ocorrem na actualidade. Uma delas é o facto de, ao se misturarem, nas prisões, pessoas que cometeram crimes menores e não violentos com indivíduos mais perigosos, corre-se o risco de, por um lado, colocar em perigo a integridade física dos presidiários mais fracos, e, por outro, levar a que alguns dos reclusos menos perigosos sigam más influências e se tornem piores quando forem libertados. A outra situação que considero negativa é o facto de alguns dos indivíduos condenados por crimes não violentos – nomeadamente crimes relacionados com corrupção e fraude – cumprirem a sua pena em prisões onde há melhores condições do que em muitas casas de cidadãos honestos (algumas penitenciárias até TV Cabo têm), isto quando muitos destes criminosos causaram prejuízos na casa dos milhões ao Estado, que ainda por cima tem de gastar dinheiro a sustentá-los na prisão. Ora, se os crimes não violentos forem punidos com prisão domiciliária, com recurso a pulseira electrónica, estas duas situações que mencionei serão evitadas, e o Estado ainda poupará recursos financeiros, já que não terá de sustentar estes reclusos.



4- Expatriação dos imigrantes que cometam crimes.
À primeira vista, esta medida parecerá xenófoba ou racista, mas não o é. Ela seria aplicada tanto a brasileiros e cabo-verdianos como a franceses ou alemães. A questão é a seguinte: o Estado tem problemas financeiros, e sustentar a longa estadia de um recluso numa penitenciária não fica barato. E enquanto os criminosos portugueses são nossa responsabilidade, com os estrangeiros já não é bem assim; logo eles deveriam de cumprir a pena (ou até serem julgados) no seu país de origem. Isto também poderia ser uma forma de dissuadir criminosos estrangeiros de virem para Portugal para praticar crimes.




5- Pedófilos e violadores deverão ser castrados quimicamente.
Desta forma, não apenas se garante que esses criminosos jamais repetiram os crimes, como ainda se conseguem dissuadir possíveis violadores.




6- Proibir indivíduos condenados por corrupção, gestão danosa e afins de exercerem cargos de liderança.
Indivíduos que sejam condenados por crimes como corrupção, gestão danosa, fraude, evasão fiscal e outros deveriam ficar impedidos de exercerem cargos de liderança, não apenas nas instituições públicas, mas também nas empresas privadas, durante um período de tempo que variaria conforme a gravidade dos crimes cometidos e que só começaria a ser contado após o indivíduo ter acabado de cumprir a sua pena.



7- Criar uma base de dados que permita cruzamento de informação entre todas as entidades públicas.
Esta base de dados seria uma espécie de Intranet do Estado. Além de facilitar a partilha de informação entre as instituições do Estado, ela deveria permitir que os cidadãos, através da Internet, e utilizando o número do seu cartão do cidadão, acedessem a uma espécie de perfil próprio, onde pudessem consultar informações úteis. Esse perfil iria incluir os dados dessa pessoa referentes aos seus processos na Segurança Social, Finanças, Serviço Nacional de Saúde, conservatórias, sistema de ensino, tribunais, etc. Como é óbvio, apenas os funcionários de cada uma dessas instituições poderiam editar os dados, e apenas poderiam ver as partes do perfil com informações relevantes para a entidade para a qual trabalham. Isto permitiria um rápido cruzamento dos dados. A polícia judiciária e os tribunais poderiam consultar todos os dados do perfil do cidadão. Além das instituições públicas, outras entidades – por exemplo, os bancos – poderiam visualizar partes deste perfil. Porém, esta base de dados pública deveria ser gerida e protegida pelos melhores especialistas em segurança informática disponíveis a nível nacional e internacional.




8- Os concursos públicos para prestação de serviços ao poder local deverão ser organizados e decididos por uma entidade nacional e independente.
Para evitar os frequentes casos de corrupção a nível das autarquias, os concursos públicos para prestação de serviços (por exemplo, para a realização de obras) deveriam ser supervisionados e decididos por uma entidade nacional (o facto de ser nacional torná-la-ia distante o suficiente para dificultar a corrupção) e totalmente independente do poder local.





9- Aumentar as fiscalizações e auditorias surpresa.
Tendo em conta o sucesso e o zelo (às vezes exagerado) da ASAE, seria proveitoso alargar as funções desta instituição, utilizando-a para, por exemplo, fiscalizar os beneficiários de subsídios da Segurança Social ou verificar, numa empresa, se há imigrantes ilegais empregues ou trabalhadores pagos a recibos verdes ilicitamente. Deveriam continuar a ser utilizadas técnicas criativas, como a do “falso cliente” ou a da fiscalização ou auditoria surpresa a empresas e instituições públicas e privadas. Por outro lado, a ASAE poderia ser um pouco mais tolerante para com os estabelecimentos e produtos típicos. Caso não houvessem fiscais da ASAE suficientes para realizar este aumento de fiscalizações, poderia criar-se um programa para converter funcionários de outras entidades do Estado, por exemplo, das Forças Armadas (os militares, pelo seu treino, é suposto serem leais ao Estado, e, consequentemente, mais difíceis de corromper, logo seriam perfeitos para reforçar os quadros da ASAE). Deverá também ser criado, através da Internet, um sistema que permita aos cidadãos fazerem denúncias anonimamente, que poderão ser usadas pela ASAE para guiar a sua acção fiscalizadora.





10- Criar um site onde se possam consultar as leis em vigor.
O objectivo desta medida seria facilitar o contacto dos cidadãos com as leis. É suposto que todos tenham acesso fácil às normas jurídicas, mas estas estão tão mal organizadas que isso se torna impossível. Os próprios advogados e juízes se queixam da chamada “diarreia legislativa”: o parlamento altera as leis demasiado depressa, e torna-se difícil às pessoas se manterem actualizadas. Assim, deveria de haver um site público onde se pudessem pesquisar e consultar as normas jurídicas em vigor, com todas as alterações actualizadas.




11- Aumentar o número de funcionários judiciais.
Aumentando o número de funcionários judiciais e de juízes, expandindo as instalações dos tribunais e melhorando o equipamento dos mesmos iria permitir tornar a Justiça mais rápida. A utilização da base de dados referida no ponto 7 e a informatização dos processos judiciais iria torná-los mais fáceis de consultar, o que também seria útil. Contudo, esta medida só poderia começar a ser posta em prática quando a situação orçamental estivesse estabilizada.



12- Castigar criminosos reincidentes com penas que incluam humilhação pública.
Talvez o leitor considere que humilhar publicamente os reclusos seria algo desumano, saído das tradições medievais. Afinal, todo o ser humano tem o direito à dignidade. Contudo, o ser humano também tem o direito à liberdade, e, no entanto, os estados retiram esse direito aos cidadãos infractores, colocando-os na prisão. Sendo a humilhação algo que, tal como a privação da liberdade, não coloca em causa a integridade física do condenado, creio que esta poderia ser aplicada, mas apenas aos criminosos reincidentes que cometam crimes considerados mais graves (sejam eles violentos, como agressões e assaltos, ou não, como fraudes e corrupção). Note-se que, para muitos destes indivíduos, estar a cumprir pena numa penitenciária não é uma punição, mas antes um motivo de orgulho e de respeito dentro dos grupos donde são provenientes. Ora, humilhando-os publicamente, a estadia na prisão deixaria de ser uma forma de elevação pessoal. Além disso, permitiria que estes criminosos sentissem de uma forma mais próxima o quanto os outros cidadãos desaprovam o seu comportamento. Durante estes actos de humilhação pública, os reclusos estariam algemados e seriam escoltados por militares, que garantiriam não apenas a segurança dos presidiários, mas também a dos transeuntes, criando para tal um cordão de segurança no local.


13- Criminalizar o enriquecimento ilícito.
Para combater a corrupção, além de se criminalizar o enriquecimento ilícito, deveria de se facilitar o levantamento do sigilo bancário, e criar um estatuto especial para os arrependidos, de modo a incentivá-los a denunciarem os outros corruptos.



14- Substituir os bairros sociais pelo envio das famílias dependentes da Segurança Social para localidades no interior do país.
Esta medida iria acabar com os “guetos” nos arredores das grandes cidades e ajudaria a repovoar o nosso interior. Cada família seria enviada para uma localidade diferente, e, dado que se tratam de meios pequenos onde há maior proximidade entre os indivíduos do que nas cidades, isso facilitaria a integração destas pessoas.

Educando com qualidade


2. – A Educação


Nota Introdutória
São os próprios portugueses os primeiros a criticar a nossa sociedade. De facto, a mentalidade que impera a nível nacional possui vários defeitos. Somos demasiado permissivos para com a corrupção, somos conformistas em relação àquilo que se passa à nossa volta, temos pouca criatividade e pouco espírito empreendedor, somos desorganizados e preocupamo-nos mais em fazer inveja ao vizinho do que em nos esforçarmos para melhorar verdadeiramente a nossa vida.
Estes factos notam-se ainda mais quando olhamos para outros países europeus – o Reino Unido, a França, a Alemanha e, em especial, a Espanha – e reparamos no quão melhor eles são do que nós a nível económico, cultural, tecnológico, etc. Todavia, para além do atraso estrutural do nosso país, não nos podemos esquecer de outro factor: Portugal tem menos população do que esses países. Provavelmente a proporção de grandes empreendedores, cientistas e artistas é basicamente igual em todos estes países, mas como o nosso é mais pequeno (e, consequentemente, tem menos população), tem obrigatoriamente menos pessoas que se destaquem.
Mas esta situação pode ser facilmente alterada. Até agora, o Estado tem promovido uma população em quantidade. Aquilo que proponho é que se procure ter uma população em qualidade. Para tal, será necessário adoptar uma abordagem completamente inovadora a nível da educação.
Costuma-se dizer que a missão dos pais é “educar” os filhos. Contudo, aquilo que eles fazem na maior parte das vezes assemelha-se mais a “tomar conta” do que a “educar” os filhos. Estão mais preocupados com as roupas e os brinquedos do bebé do que na educação. Porque educar não é apenas cuidar das crianças, é também incutir-lhes valores e ajudá-los a desenvolver capacidades.
Ter uma boa educação na infância pode trazer grandes vantagens. Darei três breves exemplos. O primeiro é a questão da matemática. Para muitos, um quebra-cabeças terrível, para outros, algo extremamente fácil de compreender e até interessante. Outro exemplo é a música. Há quem tenha de investir vários anos num conservatório para conseguir tocar o que está numa pauta, enquanto que outros aprendem a tocar um instrumento sozinhos e até são capazes de reproduzir uma música só por ouvido. O último exemplo é o das crianças bilingues. Os filhos dos emigrantes de França que regressaram a Portugal, por exemplo, que falam tão bem português como francês, isto sem terem tido de passar anos e anos a estudar línguas.
Para os primeiros dois exemplos, poder-se-ia dizer que são “dons”, mas o último caso demonstra que estas capacidades acima da média podem ser aprendidas por qualquer ser humano, desde que sejam desenvolvidas desde os primeiros anos de vida. Contudo, dado que nem todos os pais têm o tempo, as competências e os recursos para desenvolver estas capacidades nos filhos, cabe ao Estado ajudá-los a cumprir essa missão.
Talvez haja quem possa achar que não é necessário garantir que todas as crianças tenham desenvolvido estas capacidades. Porém, numa época em que se fala tanto em discriminação, não será que o facto de alguns possuírem estas qualidades e outros não leva também à discriminação, à desigualdade, além de poder limitar e condicionar a vida das pessoas? Além disso, como referi acima, se Portugal aspira a se tornar num grande país, é imperativo apostar em aumentar a qualidade (e não necessariamente a quantidade) da população.




Propostas

1- Criar uma rede pública de creches e jardins-de-infância, especializada no desenvolvimento das capacidades das crianças.
Estes estabelecimentos públicos iriam acolher crianças dos 2 aos 5 anos de idade. O ingresso seria gratuito e obrigatório, embora os pais tivessem o direito de escolher se colocariam os seus filhos no sistema público ou no privado. Contudo, ambos os sistemas teriam de alcançar determinados objectivos a nível do desenvolvimento das crianças. Essas metas – bem como os métodos para as atingir com sucesso – deverão ser delineadas por especialistas em pedagogia e em psicologia infantil, fundamentadas nos estudos já existentes sobre esta matéria, e testadas em creches e jardins-de-infância nacionais. Seria pretendido o desenvolvimento do raciocínio lógico/matemático, da comunicação, das faculdades a nível gráfico e musical, e das capacidades físicas, por exemplo. Valores como a criatividade, o espírito crítico, a frontalidade, a responsabilidade, o empenho, o altruísmo e a tolerância deverão também ser promovidos. As crianças deverão ter também actividades ao ar livre e junto da natureza, sempre que as condições meteorológicas assim o permitirem. Finalmente, deverá apostar-se no bilinguismo, para tal assegurando que as crianças têm desde o início contacto frequente com a língua inglesa (inclusivamente, algumas das educadoras de infância deveriam ser anglófonas ou, pelo menos, terem conhecimentos de inglês). Este processo de desenvolvimento das capacidades deverá prosseguir e ser consolidado no ensino básico e preparatório.





2- Complementar o ensino preparatório com disciplinas de cariz mais prático e utilitário.
Do 7º ao 9º ano de escolaridade, os alunos deverão aprender conteúdos úteis para a sua vida adulta, como saber de que modo funcionam os impostos, a Segurança Social, os tribunais, a polícia, e as instituições políticas; aprender as bases de áreas até agora esquecidas neste ciclo do ensino, como, por exemplo, economia, contabilidade, ou gestão; adoptar uma perspectiva mais prática e motivante no ensino das disciplinas já existentes (por exemplo, em matemática, em vez de os alunos resolverem exercícios mais “abstractos”, deveriam estudar problemas práticos – embora, como é óbvio, relativamente simples – de engenharia, economia, ou estatística; em português, deveria ensinar-se a redigir cartas, actas, currículos, textos argumentativos, artigos jornalísticos, relatórios, e textos de escrita criativa, e dedicar-se menos tempos à gramática, linguística e sintáctica); deverão também ser ensinadas competências práticas básicas de saúde (prevenção de doenças, primeiros socorros, etc.), de culinária, e de mecânica/canalização/electricidade. Todavia, estas alterações não deverão traduzir-se num aumento das horas de aulas.



3- Cancelar o programa e-escolinhas.
Ficará mais barato ao Estado – e terá a mesma eficácia – equipar as escolas com computadores suficientes para todas as crianças do que oferecer um portátil “Magalhães” a todos os alunos que passarem pelo ensino básico português. Além disso, apesar de a informática ser, sem sombra de dúvida, uma área de grande importância, é preferível que os alunos se dediquem mais a ela no ensino preparatório do que no ensino básico.




4- Incluir aulas de condução no currículo do ensino secundário.
As escolas secundárias deveriam, através de um concurso público organizado por uma entidade independente (ver o capítulo dedicado à Justiça), criar acordos com uma das escolas de condução locais, de modo a conseguirem preços mais baratos para os seus alunos, e permitindo-lhes ter as aulas de código e de condução coordenadas com as restantes aulas (para que não tenham que faltar às actividades lectivas). Esta modalidade de aulas de condução seria algo facultativo para os alunos, como é óbvio, e seria exclusivo para os estudantes do 12º ano de escolaridade.




5- Aos casais sem filhos que estão dependentes do rendimento mínimo, em vez de lhes prometer abono de família, pagar-lhes para não terem filhos enquanto não estabilizarem a sua vida.
Como já foi referido na nota introdutória, Portugal precisa de uma população em qualidade, e não forçosamente em quantidade. O objectivo principal de se fomentar o aumento da natalidade é o de amparar as contas da Segurança Social. Contudo, os casais que recebem mais apoios sociais são aqueles que estão mais dependentes do Estado, e que têm graves problemas psicológicos, de integração social, ou a nível económico. Aqui há um erro grave: os filhos destas pessoas irão ter uma educação deficiente (muitos acabam por ter de ser institucionalizados) e, provavelmente, vão tornar-se também eles dependentes de apoios do Estado. Assim, em vez de a Segurança Social ficar mais desafogada, o que acontece é que se está a ajudar a transmitir a miséria para a geração seguinte, correndo-se ainda o risco de a proporção de dependentes do rendimento mínimo e afins aumentar. Assim, seria preferível dar-lhes dinheiro para não terem filhos, do que para trazerem ao mundo crianças que provavelmente vão passar dificuldades e sofrer traumas que lhes irão condicionar o resto da vida.

Uma nova solução para o défice


1. – As Finanças Públicas



Nota Introdutória
Talvez o maior desafio que Portugal enfrenta a curto prazo é o défice das contas públicas. Trata-se de um problema que já se arrasta há bastante tempo, mas que se agravou com a crise financeira de 2008/2009. Um estudo do BPI afirma inclusivamente que a dívida do Estado atingirá o valor monstruoso de 120% do PIB.


Contudo, os esforços dos governantes na última década foram incapazes de resolver esta questão de forma definitiva. Diminuir a despesa é bastante complicado, já que as instituições públicas prestam serviços fundamentais à sociedade – em especial aos cidadãos mais desfavorecidos – e, se estas instituições são muitas vezes ineficientes com o orçamento actual, que seria delas com menos recursos.


Aumentar a receita é também difícil, pelo menos utilizando os métodos tradicionais – o aumento de impostos e as nacionalizações. Dada a fraca capacidade da economia portuguesa, os impostos deveriam de ser o mais baixos possível, e não o contrário. Quanto às nacionalizações, além de serem repudiadas pelos empresários (o que levaria a que estes investissem menos em Portugal), tendem a tornar as empresas menos produtivas.


Assim sendo, é imperativo que os políticos descubram formas alternativas para diminuir a despesa e para aumentar a receita – não apenas para combater o défice orçamental, mas também para que o Estado tenha os recursos financeiros que serão necessários para pôr em prática as medidas que serão apresentados nos próximos capítulos e que visam o desenvolvimento do país.







Propostas

1- Criar um imposto sobre a venda de acções na Bolsa.
Esta lei tem dois objectivos. O objectivo principal é criar uma nova fonte de receitas para o Estado que não cause grande impacto negativo sobre a economia (este imposto taxaria os lucros dos indivíduos que compram e vendem compulsivamente acções – os quais não contribuem para o desenvolvimento das empresas –, e não de quem adquire acções com a intenção de se tornar sócio). O outro objectivo, que à primeira vista parece inútil e até pernicioso, é o de diminuir o preço das acções. Este imposto iria dissuadir a compra de acções, já que os especuladores iriam passar a ganhar menos dinheiro; isto significa que haveria uma queda da procura; logo, o preço diminuiria. Mas então o que é que o país ganharia com as acções das empresas ficarem mais baratas? Primeiro, é uma forma de incentivar o investimento nas empresas portuguesas, já que se torna mais barato ser-se sócio das mesmas. Segundo, irá facilitar o cumprimento da proposta seguinte.




2- Aquisição, por parte do Estado, de acções sem direito de voto das principais empresas cotadas na Bolsa de Lisboa.
Se um cidadão excessivamente endividado, mas que possuísse ainda volumosos recursos financeiros, quisesse criar uma fonte de rendimentos minimamente segura em pouco tempo, que faria ele? Compraria acções de empresas com grande liquidez, tornando-se assim um dos sócios e consequentemente recebendo uma parte dos lucros. O Estado deveria agir da mesma maneira. Contudo, e para impedir que o Estado interfira com a gestão dessas empresas, as acções adquiridas deveriam ser sem direito de voto ou, em alternativa, deveria ser criada uma lei que proibisse o Estado de votar nas assembleias-gerais das empresas de que é sócio, obrigando-o a abster-se sempre. Pelas mesmas razões, deveria limitar-se o tamanho da fatia de cada empresa que o Estado poderia adquirir a, por exemplo, 10% das acções. Esta aquisição não poderia ser feita através duma OPA ou técnica pública semelhante, pois isso iria apenas levar ao aumento exponencial do preço das acções, o que não é o desejado, pelo que este processo de compra deveria de ser gradual e conduzido por alguém que conhecesse bem o “jogo” da Bolsa e que fosse capaz de prever quando as acções ficarão mais baratas. Para terminar, há que referir o seguinte: actualmente, o Estado já funciona como uma espécie de sócio destas empresas, mas apenas nos maus momentos, na medida em que, quando há crises, é ele que frequentemente tem de ir “ajudá-las”, com o dinheiro dos contribuintes; contudo, se esta medida fosse posta em prática, o Estado tornar-se-ia num sócio a sério, e já poderia receber uma fatia dos lucros.




3- Diminuir drasticamente as vagas nas Forças Armadas.
Dada a fraca importância de Portugal ao nível da geopolítica mundial, e dado que, de todas as instituições do Estado (Serviço Nacional de Saúde, Segurança Social, polícias, escolas, tribunais, universidades), as Forças Armadas são das que têm menor impacto directo na promoção do bem-estar dos cidadãos, seria proveitoso diminuir os gastos neste sector. Contudo, e atendendo ao enorme esforço e aos sacrifícios já realizados pelos militares para conseguirem ingressar nesta instituição, seria injusto prejudicá-los, pelo que o corte da despesa nas Forças Armadas deveria passar apenas por uma diminuição drástica das vagas. Além disso, seria aconselhável ponderar a retirada das tropas do Afeganistão, e eventualmente, diminuir substancialmente os contingentes enviados para missões no estrangeiro, pelo menos enquanto a questão do défice não fosse resolvida. Entretanto, os membros das Forças Armadas poderiam realizar missões de segurança em Portugal (este ponto será aprofundado no capítulo dedicado à Justiça). Em contrapartida, assim que a situação orçamental estivesse estabilizada, deveria proceder-se a investimentos que aumentassem a qualidade do treino e equipamento dos militares, de modo a que, ainda que não sobressaíssem pela quantidade, primassem pela qualidade.




4- Criação do salário máximo na função pública.
O objectivo desta medida é limitar o ordenado dos altos cargos do Estado. Infelizmente, muitos dos indivíduos que desempenham essas funções não foram escolhidos pela sua competência, mas sim pela sua importância dentro do partido que está actualmente no poder, pelo que estes se revelam frequentemente ineficientes. Ora, dada a difícil situação financeira do Estado, e sabendo que o exemplo deve vir de cima, esta medida poderia não apenas poupar algum dinheiro ao Estado, mas também tornar as entidades públicas mais produtivas, se fosse aplicada em conjunto com a proposta que apresento seguidamente.





5- Gestores públicos devem receber uma comissão dos lucros das empresas e, em caso de prejuízo, pagar uma parte das dívidas.
Se limitarmos o salário fixo máximo que os gestores públicos podem ganhar, e se lhes oferecemos uma percentagem dos lucros das empresas do Estado por eles geridas, isso irá motivá-los a tornarem essas entidades mais produtivas. Mas essa percentagem deverá também funcionar quando a empresa tiver prejuízo, obrigando nessas alturas o gestor a pagar uma parte das dívidas. Deste modo, o gestor será obrigado a tornar-se mais eficiente. Contudo, esta regra poderá apenas ser aplicada às entidades públicas onde, em teoria, é possível ter lucro.






6- Criar um imposto sobre os rendimentos das instituições religiosas.
É sabido que há instituições religiosas que conseguem arrecadar junto dos fiéis quantias monetárias consideráveis. Pensemos no dinheiro gerado através das oferendas no Santuário de Fátima (uma parte do qual reverte directamente para outro estado – o Vaticano), ou ainda em situações em que os líderes religiosos aparentam estar mais interessados no lucro do que no bem-estar espiritual dos crentes, como é o caso da Igreja Universal do Reino de Deus ou da Igreja Maná. Ao tributar estas instituições, o Estado iria conseguir mais uma fonte de receitas, sem causar impacto negativo sobre a economia. Além disso, seria uma forma de dissuadir a exploração financeira praticada sobre os fiéis por algumas destas organizações religiosas.





7- Diminuir os gastos do Estado com os políticos profissionais.
Apesar de a democracia consistir, em teoria, na partilha do poder por todos, é sabido que na prática apenas uma minoria governa, os chamados “políticos profissionais”. Alguns destes são indivíduos que não fizeram outra coisa na vida que não fosse participar na vida política. Isto não tem que ser necessariamente algo negativo, mas, dada a difícil situação das contas públicas – em parte causada pela incompetência desses mesmos políticos profissionais –, seria proveitoso que se acabassem com privilégios como, por exemplo, as reformas cumulativas (isto é, um ex-político recebe uma reforma por cada cargo político que exerceu), e, por outro lado, diminuir o salário de quem desempenha cargos políticos. Deveria também ser diminuído o dinheiro gasto com o financiamento dos partidos políticos.





8- Regularizar a prostituição.
Em Portugal a prostituição encontra-se numa situação jurídica bastante curiosa: não é ilegal, mas, ao contrário de todas as outras actividades económicas permitidas pelo Estado, esta não é nem regulada, nem taxada. Se fosse regularizada, apesar da repugnância que isso poderia trazer aos mais conservadores, isso teria várias consequências positivas. Em primeiro lugar, facilitaria o combate às doenças sexualmente transmissíveis, já que as prostitutas seriam obrigadas a realizar rastreios. Segundo, iria permitir um maior apoio social a estas pessoas, no sentido de tentar tirá-las desta situação. Iria também levar à diminuição das redes de prostituição e de tráfico humano. Finalmente, iria permitir que se cobrassem impostos sobre uma actividade que actualmente funciona à margem do Estado.






9- Legalizar a venda de drogas leves.
Esta é um tema bastante controverso, mas a verdade é que a legalização da venda de drogas leves teria várias vantagens para Portugal. Antes de mais, não nos podemos esquecer que a lei portuguesa em vigor actualmente é bizarra: proíbe a venda de drogas, porém não é crime o consumo das mesmas. Contudo, é óbvio que quem consome deve ter comprado a alguém. Ao legalizar a venda, o Estado poderia controlar e regular esta actividade. Por exemplo, proibir a venda a menores de 18 anos. Permitiria também a cobrança de impostos sobre os rendimentos deste sector. Além disso, levaria a uma diminuição drástica do tráfico de droga e da criminalidade a ele associado. Finalmente, apesar de temas como este ou a regulação da prostituição serem altamente controversos, não nos podemos esquecer do seguinte: um dia, mais tarde ou mais cedo, Portugal terá de os aprovar. A questão é: se formos dos primeiros a fazê-lo, o nosso país fica na História pela positiva, é visto internacionalmente como uma nação progressista e até receberá mais turistas (pense no exemplo da Holanda). Contudo, se formos dos últimos – ou se o fizermos depois dos nossos concorrentes (Espanha, por exemplo) –, teremos que aguentar com as consequências negativas destas medidas, mas não poderemos usufruir de muitas das vantagens das mesmas.





10- Proibir as autarquias de contraírem dívidas.
Como é do conhecimento geral, muitas são as autarquias portuguesas que se encontram numa situação financeira calamitosa. E o pior é que, muito provavelmente, a maior parte do dinheiro não foi gasto em projectos realmente importantes para o desenvolvimento do município. Conheço casos de Câmaras que se endividaram para realizar coisas tão fúteis como construir novos edifícios para os paços do concelho, demolir estádios para construírem estádios novos com piores condições que os antigos, alcatroar ruas em aldeias nas vésperas das eleições autárquicas, ou construir pavilhões e centros de exposições e negócios que estão “às moscas”. Estou certo que o leitor também conhece situações semelhantes. Assim, as Câmaras deveriam estar proibidas de contraírem dívidas, podendo apenas gastar aquilo que possuíssem. Esta medida não apenas contribuiria para combater o défice do Estado, como obrigaria os autarcas a reflectirem melhor sobre como devem dirigir os municípios, dado que possuiriam um orçamento mais apertado. Contudo, se houvesse um projecto mais dispendioso que uma autarquia desejasse realizar, poderia sempre pedir ajuda ao governo central para o pôr em prática.





11- Diminuir apoios do Estado à cultura erudita.
O Ministério da Cultura tem como dever promover o desenvolvimento cultural do país, para isso servindo-se de ferramentas como a oferta de apoios financeiros aos artistas. Contudo, estes apoios são preferencialmente oferecidos aos artistas ligados à chamada “cultura erudita”, por oposição aos artistas “comerciais” da chamada “cultura popular”. Logo aqui há um erro crasso: os artistas eruditos tendem a vir de famílias mais favorecidas financeiramente, pelo que não necessitam de tanto apoio monetário, até porque o seu público é também mais abastado e, ao contrário do público dos outros artistas, não tem o hábito de “piratear” na Internet as suas obras. Portanto, e tendo em conta o complicado contexto financeiro do Estado, seria aconselhável cortar nos patrocínios do Ministério da Cultura à cultura erudita. Todavia, esta questão será aprofundada no capítulo dedicado à Economia.






12- Em último recurso, privatizar parcialmente os hospitais, as universidades, a ADSE e empresas públicas, como a TAP.
Caso se confirmem as previsões mais pessimistas sobre o défice, não restará ao Estado outra alternativa a não ser a privatização de algumas das suas instituições. Porém, se tal acontecer, os governantes terão de ter alguns cuidados. Em primeiro lugar, nunca privatizar totalmente uma instituição. O Estado deverá manter sempre uma parte das acções. Além disso, deverão continuar a haver apoios sociais (bolsas) para os estudantes do ensino superior e, no caso de os hospitais serem privatizados, deverá ser criado um seguro de saúde público para os cidadãos da classe baixa e classe média.




Ainda vamos a tempo de "salvar" Portugal?


Qual o objectivo deste blogue? O que é pretendido com o Liberal-Socialismo?




Toda a gente fala dos políticos. Os comentadores nos canais de televisão, os cibernautas em blogues e fóruns, o pessoal que se reúne no café da esquina à tarde. Todos comentam, criticam, opinam. Contudo, se lhes perguntássemos o que fariam se fossem eles os governantes, as respostas seriam sempre vagas. Independentemente de se tratar de um comentador político, um gestor, uma dona de casa ou um pedreiro, todos nos dirão coisas do género: “é preciso diminuir o défice”, “temos de desenvolver o país”, “é necessário promover o empreendorismo”. Porém, ninguém é capaz de propor medidas específicas.



Depois de vários anos a ouvir críticas e comentários que não levam a lado nenhum, e tendo verificado que os programas políticos actuais não são eficazes e nem sequer conseguem entusiasmar a população (basta-nos lembrar dos resultados das eleições legislativas de 2009, onde os votos se dispersaram pelos partidos), decidi criar este projecto, no qual irei sugerir um conjunto de medidas políticas alternativas que, na minha opinião, poderiam ser tomadas pelos nossos governantes, em campos como a Educação, a Economia, a Justiça, as Finanças Públicas ou o Ensino Superior, para desenvolver o país de forma sustentável, pensando não apenas a curto/médio prazo, mas também num período de tempo mais longo.





Não é meu objectivo fundar um novo partido ou movimento, mas antes sensibilizar ao maior número de pessoas possível – daí o meu recurso à Internet – de modo a que se consiga influenciar os partidos no poder a darem um novo rumo a Portugal.




O nome – “liberal-socialismo” – não foi escolhido ao acaso. Apesar da rivalidade entre Direita (Neo-Liberalismo) e Esquerda (Socialismo), as medidas que são apresentadas neste blogue não tendem para apenas um dos lados; algumas serão classificadas como sendo de direita, outras como sendo de esquerda, e inclusivamente outras haverá que serão de difícil classificação. O meu objectivo foi o de tentar combinar o melhor das duas ideologias.





Independentemente das duas concepções políticas aparentemente antagónicas propostas pela esquerda e pela direita, creio que procuram ambas atingir a mesma finalidade. E qual, então, o objectivo do Estado? Desenvolver o país? Não, esse é apenas um dos meios para se alcançar aquele que deve ser o real intuito do Estado: promover a felicidade dos seus cidadãos. Contudo, como “felicidade” é um termo demasiado relativo e abstracto, deverá dizer-se que a missão do Estado é a de promover o nível de qualidade de vida máximo possível para os seus cidadãos e garantir que estes têm as condições necessárias para atingirem os seus objectivos de vida.



Foi esta perspectiva que me orientou durante a elaboração deste conjunto de propostas. Estou certo que nem todos irão concordar com elas, mas estou aberto a críticas e disposto a melhorar este projecto. Assim sendo, disponibilizo o meu e-mail – lexliberalsocial2010@gmail.com – para que possam enviar as vossas opiniões acerca do “liberal-socialismo”.


Finalmente, todas estas propostas estão disponíveis num e-book em formato pdf, que poderá ser encontrado nos seguintes sites:

http://rapidshare.com/files/335102158/O_Liberal_Socialismo.pdf.html

http://www.megaupload.com/?d=H6MHHI4R

http://www.easy-share.com/1908999395/O Liberal Socialismo.pdf

http://sharingmatrix.com/file/1069390
http://sharingmatrix.com/file/1069390/O%20Liberal%20Socialismo.pdf
http://sharingmatrix.com/file/1069390/6411b9ae45702b273141ed79652b8479